O que vem a ser a Estética?
Resumo
A
proposição de uma discussão crítica a cerca de aspectos da teoria literária na
modernidade e as implicações do poeta enquanto sujeito político, histórico no
universo social contemporâneo se fazem objeto do presente estudo. A necessidade
da reformulação de modelos de interpretação da realidade e o papel do artista
em sociedade são, não obstante, derivados de tendências dialéticas de
justaposição e, por conseguinte contraposição de conceitos e idéias pertinentes
a dinâmica da criação e reprodução literária. Alicerçado em revisão
bibliográfica o método se desenvolve na utilização de literatura canônica no
campo da poesia. A partir de um sistema complexo de símbolos e um exercício de
resignificação do sujeito em face de seu contexto social coevo, traça-se um panorama
das perspectivas pós-modernas de construção/desconstrução da Arte e o todo ao
derredor. Partindo de tais pressupostos em busca de novos postulados para
reinterpretar a realidade, o trabalho posto traz a tona outra/nova
possibilidade de percepção do fenômeno poético na atualidade.
Palavras-Chave:
Poesia, Teoria e Crítica Literária, Modernidade.
***
Por breve e sinuoso percurso de indagações a
cerca de um protótipo de compreensão e entendimento da vida e sua forma de
existência dinâmica e continua, percebe-se então uma gama de alternativas de
métodos ou formas, forças e fluidos que coexistem num processo de conexões
simbólicas e materiais, objetivas e metafisicamente intercaladas num exemplo de
rara capacidade mínima emparelhamento entre ideia e ser, ente elíptico ou
sujeito capaz de exercer transformação política.
E é de modo que a Arte se faz moldura
enquanto manifestação exterior do sujeito em vias de representação, de poder,
de forma através da qual se corporifica a execução do homem em contato e estado
de humanidade, em forma de obras publicadas e expostas a uma sociabilidade
constante do processo de ser, estar, e representar a realidade emergindo qual
lente de percepção se não total, mas em caça da universalização, e ao mesmo
tempo campo onde se flerta com a liberdade de invenção, criação do “real”.
De tal forma, agora procuraremos nos
embrenhar no óvulo do órgão rebelde e convulso das esferas de relações
inerentes deste hibrido organismo nem tão globalizante, quiçá dizer
mundializado que ainda assim insistimos chamar sociedade. Tal arena se
configura então um conflituoso terreno para a formação e identificação dos
princípios e preceitos da então organização de indivíduos em incessante mutação
de máscaras culturais, sociais e políticas.
Por assim dizer, possuindo possibilidade de
tomada de posição de ruptura no estratagema societal então entorno arquitetado,
ainda que não ilesa de sua parcela constituída de seu inconteste sistema
histórico, econômico, político a produção literária eis que insurgi enquanto
espelho onde se refletem estilhaçados os valores e crenças, morais e éticas de
uma época.
Sobremaneira a estética se apresenta à
visão como pré síntese do entendimento dos sentidos sobre a possível
interpretação do mosaico de reconstrução e criação de determinantes para a
consubstanciação das condições de existência. E circunscrita a tais sistemas, a
condição humana atual, imersa nesta então latente pós modernidade personifica a
inconstante sucessão do desenvolvimento de hermenêuticas e teorias que
justifiquem e legitimem a prática social.
No que tange a arte, este argumento validaria
desde a imprevidência de Duchamp na substituição de uma satisfação estética,
por um choque convulsivo para dentro de si, não obstante a justificação que há
entre “beleza” e prazer, forma e fluído ainda que em ambos os casos o ponto de
vista ainda seja arraigado num estrutura de pensamento reificada. Numa
complexificação de propostas e causas, como
“mercado da arte em falência”, “instituição
enfraquecida”, “rede cultural opaca”, “critica de arte tímida”, “modernidade
ditatorial”, “ vanguarda terrorista”, “mídias recuperadoras”, “ensino artístico
anêmico”, [...] “música contemporânea elitista e confidencial”, “artistas
charlatães”, “Duchamp, pai de uma posteridade desastrosa”. (Jimenez,p.379)
Ou
sendo possível também, ainda segundo Jimenez, uma outra possibilidade de
construção/interpretação do panorama das perspectivas a cerca da condição da
arte e a estética na atualidade:
“[...] as instituições públicas subvencionam a criação artística contemporânea e salvaguardam o patrimônio, as empresas privadas multiplicam seu apoio aos artistas graças ao mecenato e ao sponsoring, um público zeloso e fiel comprime-se nos festivais e nas exposições, sem falar do papel vez maior das mídias tecnológicas do domínio da experiência estética individual.” (Jimenez,p.379)
Sucintas divagações carregaram até este ponto
o fluxo do pensamento a percorrer este esconso leito que é o desvelamento das
condições existenciais, ou seja, culturais, geográficas, econômicas, políticas,
para a criação da explicação da natureza da relação entre a arquitetura da
organização societal e a sua representação através do soerguimento de uma
nova/outra possibilidade de concepção estética na arte.
[...]as
incertezas, as perturbações e as exasperações marcam a história da arte? Sobretudo
ao longo dos dois últimos séculos, pontuados pelas rupturas, pela sucessão dos
“ismos” e pelos choques das vanguardas! A crise não designará o estado
permanente da evolução artística, como o da sociedade inteira? (Jimenez,p.379-380)
Essa é uma das questões que nos trás a obra Qu’est que l’ esthétique, de Jimenez
numa idéia de sentido e substância de que natureza se trata tal fenômeno
societal. A busca por uma lente a cerca do olhar de como encarar a realização
da idéia e da construção do fato intelectual e sua possível interpretação.
Parte-se então em direção a uma análise
socioliterária e no aprofundamento duma aproximação especulativa impulsionado
por uma imaginação em função dum trabalho não só cientifico de investigação, mas
também a cerca de uma caracterização do poeta, da poesia e do panorama possível
de apreciação da arte em sua relação direta com o seu público.
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