sábado, 24 de maio de 2014

MIMESE E O REAL LITERÁRIO: QUESTÕES SOBRE MIMESE E REPRESENTAÇÃO.

real. filos. diz-se de tudo que é. diz respeito opõe-se ao aparente, fictício, ideal, ilusório, imaginário, possível, potência. 

realidade. Qualidade, carater de real. 2. Agudo que existe infinitamnete real.

Austram Dourado (confissões de narciso) "...os romancistas e novelistas, na sua modéstia e simpleza aparentes, sabem que usam do real com inteira liberdade [...] O criador amassa a realidade...em função da geometria literária."

mimese do LATIM imitatio, no séc IV a.C, significa :imitação, representação, sugestão.



As noções de ordem e normatividade, como postas na Republica de Platão, em seu idealismo, indicam um conjunto relacional posto entre: deus (ideias), o artíficie, ou seja, aquele que forma a ideia e cria o objeto, e o artista responsável pela imitação, representação. Situação esta que segundo o filósofo grego leva à crítica ao engano, a partir de posicionamentos como: "poesia nociva ao espírito" já que esta cria a "aparência do ser e não o ser verdadeiro", assim realiza uma “imagem falsa da natureza dos deuses e das coisas".
Posto desta forma posso dizer então que: os poetas que se defendam. No entanto, a Arte observada pelo prisma da educação estética pode nos trazer novos olhares para esta problemática.

Já Aristóteles entende a poética levando em conta o principio da verossimilhança. Logo é possível deduzir que a arte literária deva contar o que poderia acontecer com o principio da verossimilhança.  Apresentando a ideia da diferença entre imitar o real e imitar a ideia. Nesse sentido o artista da palavra se encontra entre o poeta (construtor de enredos) e o historiador (construtor de narrativas), já que é possível considerar que "a arte tem uma realidade própria" o que permiti-nos apontar para uma "noção estética para arte literária".

Da antiguidade greco-latina passando pelo Renascimento até a modernidade propriamente dita a literatura se definiu por termos como "originalidade, conveniência e a verossimilhança” como indica Massaud Moises (2004, p.294). Se para evocarmos autores na modernidade a obra "A verdade das mentiras" de Vargasllosa ou A metamorfose de Kafka ilustram bem esta potência inerente à atividade literária.

Outro teórico contemporâneo que indica saídas para estas aporias é o mexicano Otávio Paz em seu livro Signos em rotação. Entre Grégorio e Quevedo foi apontada pela fortuna crítica uma espécie de imitação formal e temática, ao decorrer da passagem do século XVI ao XVII desenvolveu-se uma consciência de “ruptura”, que culminou nos desdobramentos conhecidos – escolarmente como: barroco, arcadismo, romantismo, simbolismo, parnasianismo e modernismo.

Na atualidade nomes como Erich Auerbach em suas investigações sobre a representação literária ocidental e Luiz Costa Lima, na esteira do primeiro, investigando as relações entre mimesis e modernidade, sugerem a configuração de um sistema de representação dos símbolos de uma sociedade. Exemplos se encontram em Balzac e Stendhal, onde se dão "representações sérias, problemáticas e trágicas com personagens comuns" o que permite uma “critica à representação de tais personagens apensas ao nível cômico da estilística inferior". Já que literatura e representação se revelam através da ambiência social: cultura, classe, camada, meio profissional, enquanto exterioridade extraliterária caracterizando as interpretação – objetivada na vida social.

Pelo exposto, a obra literária, construída na tensão do drama, catarse e expurgação pela tragédia, como observado em Gregor Samsa, em uma mimese da representação ajusta-se previamente ao que concebemos como realidade, enquanto que na mimese da produção, esta não está sujeita ao ajuste prévio do real, de forma que é preciso que o receptor apreenda o seu significado pela analise da sua produção, onde reside a natureza da criação do texto literário.


0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial