MIMESE E O REAL LITERÁRIO: QUESTÕES SOBRE MIMESE E REPRESENTAÇÃO.
real.
filos. diz-se de tudo que é. diz respeito opõe-se ao aparente, fictício, ideal,
ilusório, imaginário, possível, potência.
realidade.
Qualidade, carater de real. 2. Agudo que existe infinitamnete real.
Austram Dourado (confissões
de narciso) "...os romancistas e novelistas, na sua modéstia e simpleza
aparentes, sabem que usam do real com inteira liberdade [...] O criador amassa
a realidade...em função da geometria literária."
mimese do LATIM
imitatio, no séc IV a.C, significa :imitação, representação, sugestão.
As noções de ordem e normatividade, como
postas na Republica de Platão, em seu idealismo, indicam um conjunto relacional
posto entre: deus (ideias), o artíficie, ou seja, aquele que forma a ideia e
cria o objeto, e o artista responsável pela imitação, representação. Situação
esta que segundo o filósofo grego leva à crítica ao engano, a partir de
posicionamentos como: "poesia nociva ao espírito" já que esta cria a "aparência
do ser e não o ser verdadeiro", assim realiza uma “imagem falsa da natureza
dos deuses e das coisas".
Posto desta forma posso dizer então que: os
poetas que se defendam. No entanto, a Arte observada pelo prisma da educação estética
pode nos trazer novos olhares para esta problemática.
Já Aristóteles entende a poética levando em
conta o principio da verossimilhança. Logo é possível deduzir que a arte
literária deva contar o que poderia acontecer com o principio da verossimilhança. Apresentando a ideia da diferença entre
imitar o real e imitar a ideia. Nesse sentido o artista da palavra se encontra entre
o poeta (construtor de enredos) e o historiador (construtor de narrativas), já
que é possível considerar que "a arte tem uma realidade própria" o
que permiti-nos apontar para uma "noção estética para arte literária".
Da antiguidade greco-latina passando pelo
Renascimento até a modernidade propriamente dita a literatura se definiu por
termos como "originalidade, conveniência e a verossimilhança” como indica
Massaud Moises (2004, p.294). Se para evocarmos autores na modernidade a obra
"A verdade das mentiras" de
Vargasllosa ou A metamorfose de Kafka
ilustram bem esta potência inerente à atividade literária.
Outro teórico contemporâneo que indica saídas
para estas aporias é o mexicano Otávio Paz em seu livro Signos em rotação. Entre
Grégorio e Quevedo foi apontada pela fortuna crítica uma espécie de imitação
formal e temática, ao decorrer da passagem do século XVI ao XVII desenvolveu-se
uma consciência de “ruptura”, que
culminou nos desdobramentos conhecidos – escolarmente como: barroco, arcadismo,
romantismo, simbolismo, parnasianismo e modernismo.
Na atualidade nomes como Erich Auerbach em
suas investigações sobre a representação literária ocidental e Luiz Costa Lima,
na esteira do primeiro, investigando as relações entre mimesis e modernidade,
sugerem a configuração de um sistema de representação dos símbolos de uma
sociedade. Exemplos se encontram em Balzac e Stendhal, onde se dão "representações
sérias, problemáticas e trágicas com personagens comuns" o que permite uma
“critica à representação de tais personagens apensas ao nível cômico da estilística
inferior". Já que literatura e representação se revelam através da ambiência
social: cultura, classe, camada, meio profissional, enquanto exterioridade
extraliterária caracterizando as interpretação – objetivada na vida social.
Pelo exposto, a obra literária, construída na
tensão do drama, catarse e expurgação pela tragédia, como observado em Gregor
Samsa, em uma mimese da representação ajusta-se previamente ao que concebemos
como realidade, enquanto que na mimese da produção, esta não está sujeita ao
ajuste prévio do real, de forma que é preciso que o receptor apreenda o seu
significado pela analise da sua produção, onde reside a natureza da criação do
texto literário.
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